sexta-feira, 18 de julho de 2025
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Torcedor do Figueirense: o especialista em tudo

por Matheus Deichmann

Foto: Patrick Floriani / Figueirense F.C.

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uando a fase não é boa, tudo vira notícia em um clube de futebol. É assim em qualquer lugar do país e não seria diferente na Capital Catarinense do Futebol, que é, sem dúvidas, Florianópolis, ao contrário do que pleiteiam aqueles que invejam os 37 títulos estaduais ostentados pela cidade. Balanço financeiro, questões judiciais, marketing e comunicação, material esportivo… Absolutamente tudo vira pauta nas acaloradas discussões em grupos de WhatsApp de torcedores alvinegros e na “FigueiraTT”, como é conhecida a comunidade de torcedores do Figueirense no ‘X’, antigo Twitter.

Na última semana, a polêmica da vez foi o não pagamento da primeira parcela da Recuperação Judicial, homologada em fevereiro do corrente ano. Uma notícia que pegou de surpresa aquele apaixonado alvinegro, que menos de dois meses atrás comemorava a homologação da RJ como um pênalti defendido em uma final de campeonato. A partir daí se ouviu e leu todo o tipo de opinião. Há aquele que, revoltado, já grita por “Fora Clave” ou “Fora Enrico”, tem quem xingue o setorista divulgador da notícia, tem o que se desespera e decreta a falência do clube antes mesmo do posicionamento oficial, e tem o tipo de torcedor contido, como eu, que não vai nem ao céu, nem ao inferno. Não afirmo que estou certo ou que os outros estão errados, mas essa é a forma que encontrei de abreviar o sofrimento constante que é carregar no peito a paixão por esta agremiação esportiva de vida tão turbulenta.

Fato inequívoco é que a média do torcedor do Furacão sabe muito mais o que acontece fora das quatro linhas do gramado do que a média de adeptos de outros clubes. Credito isso ao excesso de transparência, vez ou outra tão criticado por alguns, mas visto por mim como uma virtude essencial, além de uma política de sobrevivência. Catequizar a sua torcida a acompanhar os passos extra-campo é uma jogada arriscada de quem chama a responsabilidade, com o ônus da cobrança, tanto pelo sucesso nas ações administrativas, quanto na perpetuação desta cultura de transparência. Ou seja, quando o clube demora dois dias para se manifestar após a mencionada notícia veiculada, vira alvo de críticas de uma torcida educada pelos próprios dirigentes.

Discutido à exaustão na semana passada, não vou me ater ao mérito de toda a questão envolvendo a decisão judicial que permite que o Figueirense não pague a primeira parcela da RJ neste momento. Meu ponto principal é: ser especialista em tudo, o famoso ‘torcedor tudólogo’, é até bom em certa medida, mas no estágio atual, é só o que tem restado, pois o debate sobre o desempenho dos últimos cinco anos não existe. Na verdade, o debate é transformado em consenso. Todos concordam que está ruim.

Só há uma maneira de transformar esta realidade. Bola na rede. Sempre foi e sempre será assim. Bola na rede faz com que o ‘tudólogo’ volte ao seu estado de origem, o do apaixonado pelo esporte bretão que quer comemorar as conquistas do seu clube e medir forças com os rivais, não apenas se defender com argumentos que fogem do jogo por si só. No fundo, creio que é – apenas – isso que todos desejam, comemorar títulos e não se reduzir a celebrar a mera existência da instituição.

Portanto, os dirigentes do Figueirense, que já manifestaram algumas vezes a surpresa pelo engajamento, positivo e negativo, da torcida nas redes e nas arquibancadas, agora aguardam, assim como a Nação Alvinegra, o sucesso do equipe dirigido pelo Thiago Carvalho na Série C do Campeonato Brasileiro. O desafio começa no sábado, às 16h, no Estádio Orlando Scarpelli, diante da Ponte Preta. Que seja o início do fim do Tudologismo Alvinegro. Pelo bem de todos.

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