Foto: Agência Senado
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esde a aprovação do orçamento do Avaí para 2025, um tema voltou a circular com força entre Conselheiros e torcedores do Leão da Ilha. Para montar um elenco competitivo e manter em dia o pagamento dos débitos fiscais e das dívidas negociadas na Recuperação Judicial, o clube precisa encontrar novas fontes de receitas. Atualmente, a diretoria busca um patrocinador master e trabalha para a venda do chamado naming rights da Ressacada, operações que podem garantir injeção importante de recursos no caixa.
Nos últimos anos, houve aumento nas receitas com o programa de sócios e de venda de produtos licenciados. Apesar disso, o volume desses recursos extras parece insuficiente para a manutenção de um time capaz de alcançar o acesso à Série A. Na própria reunião do orçamento, a diretoria deixou claro para os Conselheiros que a situação do fluxo de caixa é desafiadora. Atrasos recentes de pagamento de atletas fizeram acender a luz de alerta no Sul da Ilha. Hoje, o Conselho Deliberativo do clube, sempre atuante, se prepara para discutir com mais profundidade a possibilidade de o Avaí receber investimentos de um parceiro no futebol. Uma das alternativas discutidas deve ser a transformação do clube em Sociedade Anônima do Futebol (SAF), caminho seguido por mais de uma centena de associações no País.
Para entender a situação, o Futebol de Floripa traz uma entrevista com o presidente do Conselho Deliberativo do Avaí, Bernardo Pessi.
Como estão, hoje, as discussões sobre o tema investimentos no Avaí?
Esse debate não é novo no Clube. Antes de eu assumir a presidência do Conselho, foi criada uma comissão que analisou as finanças do Avaí. Na época sofríamos com penhoras de receitas quase diárias e atraso de pagamentos. Esse grupo, que passou semanas debruçado sobre o tema, falou pela primeira vez sobre a necessidade de analisar novas fontes de financiamento para o Avaí.
No ano passado voltamos ao assunto. Uma comissão de estudos com cinco Conselheiros, acompanhada de perto por membros da Mesa e do Conselho Fiscal, estudou a SAF. A Sociedade Anônima do Futebol é uma opção que está posta aos clubes brasileiros e que não podemos tratar como um tabu. Hoje temos dezenas de SAFs no País e precisamos discutir essa possibilidade. Recebemos uma demanda do presidente do Clube e vamos retomar o debate no Conselho. Precisamos ouvir o maior número possível de pessoas antes de tomar decisões que vão impactar o futuro do Avaí.
Hoje há mais de 100 SAFs no País. Esse é um caminho sem volta para o clube?
O assunto ainda vai ser muito debatido no Conselho e não cabe a mim tentar antecipar o resultado das discussões. O importante é que os Conselheiros analisem o assunto e encontrem a melhor solução para o Avaí. Eu, pessoalmente, acredito que não podemos ter ‘medo’ de falar em SAF. Esse não é um assunto que vá desaparecer se deixarmos de mencionar seu nome. A discussão é necessária até para definirmos o que não queremos e, principalmente, para estabelecer diretrizes das quais não abriremos mão. Preservar o patrimônio do Avaí – a Ressacada, nossa casa, e o Centro de Treinamento – é essencial. Também precisamos olhar com atenção máxima para quem pretende ser parceiro do Avaí. Temos uma história centenária de conquistas e a maior torcida do Estado. Não podemos aceitar qualquer proposta.
Há um cronograma estabelecido para essas discussões?
Ainda não. Felizmente o Avaí não enfrenta o caos financeiro visto em outros clubes que buscaram a SAF como uma tábua de salvação. A diretoria informou ao Conselho que teremos dificuldades em um futuro não tão distante, mas temos fôlego para uma discussão séria. Vamos retomar o debate a partir do relatório da Comissão que estudou a SAF e ouvir todos aqueles que queiram contribuir para a construção de um Avaí mais forte.
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