sexta-feira, 18 de julho de 2025
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O Figueirense precisa sair do atoleiro da Série C

por Matheus Deichmann

Foto: Raul Pereira/Estadão Conteúdo

U

m apaixonado por futebol pode passar por várias transformações em sua vida. Trocar de cônjuge, romper com a família, mudar de CEP, religião, preferência política, mas duas certezas nunca mudam: a morte e a fidelidade ao time de coração. Fidelidade esta que vem salvando o Figueirense da insolvência desde, pelo menos, 2019. Mas para tudo tem limite, inclusive para a paciência do torcedor alvinegro.

São cinco anos de Série C do Campeonato Brasileiro. Pior, cinco anos acumulando fracassos e frustrações. No meio do caminho trocas na diretoria, comissões técnicas, atletas, transformação em SAF, Recuperação Judicial e até na fórmula de disputa do torneio houve mudança. A única coisa que permanece cristalina é a fidelidade do torcedor, que manteve a média de público acima da casa dos seis mil em todos os anos (exceto em 2021, por conta da pandemia).

Não vejo termo mais adequado para definir a indignante situação da permanência sequencial em cinco edições da Série C do Campeonato Brasileiro do que “atoleiro”. O torneio é similar a uma areia movediça, que quanto mais tempo se passa nela, mais atolado se fica. Pior é pensar que há menos de 20 anos, o mesmo clube que ora amarga esta condição, foi finalista da Copa do Brasil e permaneceu ininterruptamente por sete anos na elite nacional.


Orlando Scaprelli cheio em partida do Figueirense na Série C de 2022. | Foto: Patrick
Floriani/FFC

Paradoxo

Fato é, sem qualquer tipo de ‘passação de pano’, que a atual direção, bem como a eleita pelo Conselho Deliberativo em 2020, não são os maiores responsáveis pelo atoleiro, apesar de evidentemente terem suas parcelas de responsabilidade. Dias atrás a Nação Alvinegra comemorou, como um grito de gol entalado na garganta, a prisão de um dos crápulas destrutivos e ainda aguarda a responsabilização de tantos outros.

Se por um lado os cartolas atuais não são os culpados, agora são responsáveis pelo soerguimento – termo tão utilizado pelo saudoso Presidente Norton Boppré – desta que é uma das maiores, se não a maior, instituição esportiva do estado de Santa Catarina. Ou seja, neste caso, quem assumiu Mateus que o embale. O principal desafio é equilibrar a seguinte balança: nenhum jogador de nível quer jogar a Série C e o clube não tem dinheiro para bancar as pedidas salariais dos bons atletas, porém, é necessário que se monte uma boa e equilibrada equipe. Só há uma solução para este paradoxo, a criatividade.


José Tadeu da Cruz, presidente do Figueirense Associação, ao lado de Enrico Ambrogini,
CEO do Figueirense SAF. | Foto: Patrick Floriani/FFC

Aprender com os erros

Cada uma das últimas quatro temporadas no atoleiro da Série C teve sua peculiaridade e fórmula própria de fracasso. Em outro momento podemos abordar este assunto nesta coluna. Contudo, alguns erros foram comuns a todos estes elencos, falta de equilíbrio em determinados setores do campo, jogadores acostumados com a competição e com a pressão imposta por ela e lideranças que assumam a responsabilidade são alguns destes.

Uma luz no fim do túnel

Dentre tantas situações únicas que o Figueirense vive, a condição de ver o maior ídolo na cadeira dos dirigentes, e não dentro das quatro linhas, é uma das que chama mais atenção. Wilson Rodrigues de Moura Júnior, o eterno W1, é o homem forte do futebol pela primeira vez em sua brevíssima pós-carreira de jogador. Braço direito do experiente Marco Aurélio Cunha em 2024, o ex-goleiro assumiu o posto com a saída de MAC. Ao mesmo tempo que a falta de tempo de gestão pode pesar, certamente a Nação Alvinegra se apega na representatividade do ídolo para resolver os problemas.


Ídolo Wilson ainda em atividade como goleiro do Figueirense. Atualmente é Gerente de
Futebol. | Foto: Patrick Floriani/FFC

O que vai acontecer?

O resultado da soma de todos estes produtos será começado a se desvendar a partir do fim de semana do dia 12 ou 13 de abril, quando o Alvinegro do Estreito inicia sua caminhada, ou melhor, sua tracionada rumo à saída do atoleiro da Série C, diante da também tradicional Ponte Preta, no estádio Orlando Scarpelli.

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